NÃO É GASTO. É INVESTIMENTO: A ESCOLA ABERTA COMO PONTE ENTRE O PÚBLICO E A COMUNIDADE.
- André Martins
- 31 de mar.
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Atualizado: 1 de abr.

Por André Luis Augusto Martins
Presidente da ASSOMAPA – Associação Matogrossense dos Pais de Alunos das Escolas Públicas e Particulares do Estado de Mato Grosso.
Cuiabá-MT, inicia um novo capítulo em sua política educacional e social ao propor a abertura das escolas públicas aos finais de semana para atividades esportivas, culturais e comunitárias. Trata-se de uma iniciativa moderna, humana e necessária, que amplia o papel da escola para além dos muros do calendário letivo, conectando estrutura física a uma função mais ampla: ser espaço de acolhimento, participação e cidadania ativa.
A medida, liderada PELO PREFEITO ABILIO BRUNINI, demonstra visão pública sensível e estratégica ao compreender que investir na abertura das escolas é investir na proteção da infância, no fortalecimento dos vínculos familiares e no uso inteligente de equipamentos públicos. Como afirmou o próprio prefeito:
“Entendo como um investimento, não como um gasto. Porque abrir a escola com essa infraestrutura para que a comunidade possa usar é dar oportunidade para usufruir um bem público no final de semana, onde muitas vezes nos bairros falta esse espaço...”.
Fonte Midia News: https://www.midianews.com.br/politica/nao-e-gasto-e-investimento-diz-abilio-sobre-abertura-de-escolas/490635
Essa proposta já conta com a adesão de diferentes setores. A VEREADORA MICHELLY ALENCAR, VICE-PRESIDENTE DA COMISSÃO DE EDUCAÇÃO DA CÂMARA DE CUIABÁ, reconhecida por sua atuação prática na promoção da interação entre escola e sociedade, destaca:
“Essas iniciativas criam um elo entre escola e família. Quando há envolvimento, há transformação. A escola passa a ser parte ativa da vida das famílias.”
O projeto ainda conta com a parceria do SECRETÁRIO MUNICIPAL DE ESPORTE E LAZER, JEFFERSON NEVES, que vê na proposta um celeiro de oportunidades esportivas:
“Essas quadras podem revelar atletas que representarão Cuiabá — e, quem sabe, o Brasil. É inclusão com propósito.”
No que diz respeito às famílias, a ASSOMAPA manifesta apoio integral à proposta, entendendo que a escola aberta fortalece o vínculo com os pais e responsáveis. Como presidente da entidade, reafirmo:
“Esse é um momento em que a família se aproxima da escola. A educação muda a família, constrói pontes entre pais, responsáveis, e o ente público, portanto ajuda a combater a desigualdade e a violência doméstica. É um passo enorme rumo à transformação.”
A realidade brasileira exige medidas concretas.
A situação das crianças e adolescentes no Brasil ainda é marcada por graves vulnerabilidades sociais. Segundo dados do UNICEF[1], mais de 180 mil crianças e adolescentes foram vítimas de violência sexual entre 2017 e 2020, e 35 mil jovens entre 0 e 19 anos perderam a vida de forma violenta no mesmo período. Os finais de semana são apontados como períodos críticos, nos quais a ausência de atividades seguras agrava a exposição a riscos.
Nesse contexto, abrir escolas aos finais de semana não é apenas uma decisão administrativa. É uma ação de prevenção social, de enfrentamento à violência e de fortalecimento do sentimento de pertencimento. Uma escola aberta, com atividades culturais, esportivas e educativas, se torna uma verdadeira trincheira de proteção social — promove vínculos, reduz desigualdades e salva vidas.
Fundamento jurídico: a lei ao lado da educação aberta.
A proposta está plenamente amparada por leis e normas brasileiras que reforçam a proteção integral e o direito à convivência comunitária:
A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 227: determina que é dever do Estado, da família e da sociedade garantir, com prioridade absoluta, o direito à vida, à educação, ao lazer e à convivência comunitária de crianças e adolescentes.
Além disso o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990 e Lei nº 13.010/2014), assegura o direito ao brincar, praticar esportes e participar da vida comunitária, exigindo do poder público ações protetivas, preventivas e educativas.
Cuiabá no rumo das grandes experiências mundiais.
A iniciativa cuiabana está alinhada com experiências de destaque no cenário internacional, a exemplo no Reino Unido onde temos “Extended Schools[2]/ "Escolas Estendidas"”, o modelo britânico transformou as escolas em centros comunitários multifuncionais, oferecendo atividades extracurriculares, serviços de apoio às famílias e uso compartilhado das instalações escolares. Os dados do relatório “Unfinished Business: Where Next for Extended Schools?” confirmam que essa abordagem reduziu desigualdades e melhorou o desempenho dos alunos.
Exemplo dos Estados Unidos: Community Schools, na cidade de Vermont[3], o educador Wayne Gersen propôs o Network School Model, que transforma escolas em centros de educação e serviços integrados, abertos o dia todo, inclusive noites e finais de semana. Essas escolas funcionam como hubs de tecnologia, saúde, alimentação e apoio psicossocial, conectando os estudantes às suas comunidades.
Conclusão: abrir a escola é abrir a cidade.
A abertura das escolas nos finais de semana não é apenas uma boa ideia é uma necessidade urgente em tempos de desigualdade, violência e isolamento social. A escola precisa ser um espaço vivo, acolhedor, pulsante, onde as crianças e jovens possam construir trajetórias seguras, criativas e felizes.
A Capital Mato grossense, com apoio institucional, legislativo e da sociedade civil, está dando um passo concreto na direção certa para Transformar escolas em centros de cultura, convivência, esporte e proteção é plantar cidadania para colher um futuro melhor.
[1] Fonte: UNICEF. Comunidade Escolar na Prevenção e Resposta às Violências Contra Crianças e Adolescentes. São Paulo: UNICEF, 2022. Pág.36.
[2] Fonte: Diss, O.; Jarvie, M. Unfinished Business: Where Next for Extended Schools? Child Poverty Action Group & Family and Childcare Trust, 2016.




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